terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Paulo Condado, um génio à procura de emprego

  • His name is Paulo Condado. (see his homepage)
  • He's a scientist in a country which offers no support to scientific research outside the mainstream.
  • He has a PhD in Electronic Engineering and Computer Science.
  • He envisages the future and its challenges-to-come, is research assistant on the project GeneticLand.
  • He has created a special software that makes communication possible for speech-impaired people.
  • He has a brilliant mind, and yet, his future is at stake: he faces a very unjust law which allows research (paid for, officially recognised and providing social welfare) to Professors only.  
  • Paulo Condado is physically challenged due to cerebral palsy.
  • He can't and won't teach in any university because of his speaking problems. 
  • He'll be living on scholarships (3 more guaranteed years) - but what about the rest of his life?

 


 

 transcrevo aqui o apelo que me chegou:

«O Paulo quer ser investigador - campo em que é muito bom, mas a lei vigente só permite que se seja investigador sendo ao mesmo tempo professor universitário. Acontece que o Paulo (que sofre de paralisia cerebral)  tem muitas limitações ao nível da fala ... e claro que tem consciência  disso, já pôs  de parte a hipótese de dar aulas na universidade. 
Por agora vai continuar na investigação com a bolsa do pós doutoramento da Fundação Ciência e Tecnologia,  durante 3 anos. Não lhe contam como tempo de serviço , não lhe dão direito a usufruir de qualquer sistema de segurança social (ADSE, por ex) ...
Mais 3 anos - e depois? A  lei tem que contemplar casos excepcionais. Dentro de 2 anos haverá outra pessoa nas mesmas circunstâncias, um aluno, também com paralisia cerebral, que  acabará o doutoramento no Instituto Superior Técnico. 
O Paulo é mesmo um génio, o país não faz favor nenhum em aproveitá-lo!! »

É A LEI QUE TEM QUE MUDAR!
there's got to be a special law for special people! .
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

2 escritores no Hay Festival Segovia

Dois escritores que estiveram no Hay Festival-Segovia (24 a 27 de Setembro 2009) : um banquete em que se serve a boa literatura e a boa música, e que assim acolhe os seus 'comensais':
«Bienvenidos a la IV edición del Hay Festival Segovia, el lugar perfecto para disfrutar cuatro días de conversación, cochinillo* y la mejor música. (..) Vivimos una época interesante. Impera un nuevo orden. Todos revisamos nuestros valores, aferrándonos a lo esencial. Compartamos dos valores que no pasan de moda: amistad y literatura.» 

* leitão
 (aqui, mais informações sb o festival) 

O primeiro chama-se Daniel Pennac, nasceu em Casablanca em 1944, escreve em francês.
É autor do best seller 'Como um Romance', "uma declaração de amor ao acto de ler, além de um excelente guia para pais e professores sobre como aproximar crianças e jovens da leitura"  - ver mais seguindo o link e ver  aqui , informações sb D.P. e livros seus q. podem comprar.

Em Segóvia, Pennac falou do seu último livro, Chagrin d'École (em edição da Porto edt. Mágoas da Escola) em que "aborda os problemas da escola e da educação do ponto de vista do .. mau aluno.. "

Aqui fica então, Daniel Pennac,  em discurso directo:
  • Esses alunos começam por não compreender quanto é dois mais dois e acabam por não entender o que estão lá a fazer. Ficam com vergonha. E a vergonha tem efeitos colaterais.
  • Dá-se um autêntico milagre: pela primeira vez na história da nossa civilização, há uma escola universal.
  • O que as escolas fazem é fabricar consumidores. Criam consumidores logo a partir dos três meses.
  • A escola deveria ensinar as pessoas a ler, escrever, fazer contas e ser intelectualmente felizes
  • Há três tipos de respostas: as certas, as erradas e as absurdas. Dentro das absurdas há a humorística. Houve um aluno que respondeu que Mendel (o biólogo) era mais conhecido pela música do seu filho, o Mendelssohn.


    O segundo é Michael Ondaatje, poeta, romancista, realizador.
    Nasceu no Sri Lanka em 1943.
    Mudou-se para o Reino Unido, depois para o Canadá.
    É cidadão canadiano.
    A sua obra mais conhecida é o romance 'O Paciente Inglês', adaptado ao cinema.


    Ondaatje - em entrevista:

    • Um romance é mais um debate do que um monólogo
    • Os escritores fazem sempre apenas a pesquisa mínima e indispensável. É perigoso investigar demasiado, porque escrever é adivinhar
    • Um amigo meu queixou-se: 'nunca ninguém me tinha falado das dificuldades do segundo livro...' A verdade é que os livros vão-se tornando cada vez mais difíceis de escrever
    • Benditas traduções. Eu vivo no Canadá e posso ler um livro de José Saramago, porque alguém o traduziu para inglês. É mágico!

    segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

    livros para Timor

    recebi por mail, aqui fica o apelo ..

    Caros amigos,

    Alguns sabem e outros nem por isso (e assim aqui vai a notícia) mas estou em Timor a dar aulas na UNTL (Universidade Nacional de Timor Leste) no âmbito de uma colaboração com a ESE do Porto.
    Aquilo que vos venho pedir é o seguinte: livros. Não vou dar a grande conversa que é para montar uma biblioteca ou seja o que for, porque não é. O que se passa é o seguinte... não sei muito bem como funcionam as instituições, nem fui mandatada para angariar seja o que for, mas o que é certo é que sou (somos!) muitas vezes abordados na rua por pessoas que desejariam aprender português mas não possuem um livro sequer e vão pedindo, o que é mto bom.
    O que é certo é que a minha biblioteca pessoal não suportaria tanta pressão e nem eu, nos míseros 50 quilos a que tive direito na viagem, pude trazer grande coisa para além dos livros de trabalho de que necessito.

    COMO MANDAR?
    Basta dirigirem-se aos correios (CTT) e mandarem uma encomenda tarifa económica para Timor (insistam porque nem todos os funcionários conhecem este tarifário!) e mandam a coisa por 2,49 ?. Claro que a
    encomenda não pode exceder os 2 quilos para poder ser enviada por este preço.
    Devem enviar as encomendas em meu nome (Joana Alves dos Santos) para: Embaixada de Portugal em Díli
    Av. Presidente Nicolau Lobato
    Edifício ACAIT
    Díli - TIMOR LESTE

    E O QUE MANDAR?
    Mandem por favor livros de ficção, romances, novela, ensaio, livros infantis etc, etc. Evitem gramáticas e manuais escolares. Dicionários, mesmo que um pouquinho desatualizados são bem vindos. Este critério é
    meu e explico porquê. Alguns timorenses (estudantes e não só) são um bocado fixados em aprender gramática mas ainda não têm os skills básicos de comunicação. Parece-me melhor ideia que possam ler outras coisas, deixar-se apaixonar um bocadinho pelas histórias mesmo que não entendam as palavras todas, do que andarem feitos tolinhos a marrar manuais e gramáticas. O caso dos dicionários é outro. Um aluno, por exemplo, usa um dicionário português-inglês para tentar adivinhar o significado das palavras. Como o inglês dele tb não é grande charuto imaginam como é a coisa.

    Bom, espero ter vendido bem o peixe do povo timorense. Falam pouco e mal mas na sua grande maioria manifesta simpatia pela língua portuguesa. De qualquer forma isto não vai lá (muito sinceramente) com
    umas largas dezenas de professores portugueses por cá. É preciso ter a língua a circular em vários meios e suportes. Espero que respondam ao meu apelo!! Eu por cá andarei sempre com um livrito na carteira para
    alguém que peça!

    beijos grandes
    j.

    From: joana.ads@gmail.com

    quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

    declaração universal dos direitos humanos

    foi há 61 anos..


    The UNIVERSAL DECLARATION of HUMAN RIGHTS

    A Magna Carta for all humanity  -  10 December 1948


    Article 1.

    ALLhumanBEINGSare
    BornFRee andEQUAL in
    DIGNITYandRIGHTS




    quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

    Gandhi, in memoriam

    • born in India on 2 October 1869
    • assassinated on 30 January 1948

    " The forthcoming generations will not even believe that such a man walked on this planet" (Albert Einstein)


      « I have nothing new to say...the principles of truth and non-violence are as old as the hills »  - Gandhi



    Gandhi`s official page


     e

    aqui, uma página de que gosto muito
     

    petição de solidariedade com Antonio Tabucchi

    O presidente do senado italiano, Renato Schifani, condenou Antonio Tabucchi [escritor italiano, professor de Língua e Literatura Portuguesas na Universidade de Siena] a pagar a soma exorbitante de 1,3 milhões de euros devido a um artigo publicado no «Unità» – jornal que, no entanto, não é perseguido. O crime de Tabucchi foi ter interpelado Schifani, personagem central do poder berlusconiano, sobre o seu passado, as suas relações negociais e andanças duvidosas (...) - ler mais aqui, onde está uma petição de solidariedade com Antonio Tabucchi


    A petição já tem 2500 assinaturas, mas entre os nomes sonantes é difícil encontrar italianos. "A iniciativa partiu do meu editor francês, o que considero bastante singular, sendo eu um escritor italiano", diz Antonio Tabucchi. Trata-se de um apelo internacional de solidariedade com o escritor, "alvo do poder berlusconiano", escrevem os promotores, a Gallimard.

    O autor de "Afirma Pereira" começou a ser julgado em Maio na cidade de Pisa, acusado de "danos de imagem". O acusador é Renato Schifani, presidente do Senado, "segunda figura do Estado", como sublinha Tabucchi.

    O "amigo de bilionários" quer uma indemnização de 1,3 milhões de euros por causa de um artigo que Tabucchi publicou em 2008 no jornal L"Unità. O escritor colocou-se então ao lado do jornalista Marco Travaglio (signatário da petição), que num artigo no mesmo jornal notara que os perfis sobre Schifani não referirem as ligações do político a pessoas condenadas por laços à máfia. Tabucchi comenta a "pouca sorte" do senador, que ao longo de 15, 20 anos fundou empresas "sem nunca se aperceber que o fazia com mafiosos, presos sempre que ele acabava de sair" dessas empresas.

    A petição quer chamar a atenção para o facto de Schifani não ter processado o jornal mas só o escritor: "isolar um intelectual é massacrá-lo", intimidá-lo é um ataque "à liberdade de expressão". E ainda "obrigar a imprensa italiana a dar conhecimento do caso". Entre os signatários contam-se Manuel Alegre, o cineasta Fernando Lopes ou a escritora Lídia Jorge. Também os prémios Nobel da Literatura José Saramago e o turco Orhan Pamuk. A Gallimard, diz Tabucchi, estava "cansada de defender só os escritores turcos".

    Assim vai a Itália, "um belo país". Pelo menos, "a torre de Pisa está no lugar, o Coliseu também", desabafou Antonio Tabucchi  (fonte)


    não se esqueçam  de assinar a petição! aqui

    quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

    Guerra Junqueiro


    Abílio Manuel Guerra Junqueiro (Freixo de Espada à Cinta a 17 de Setembro de 1850 — Lisboa, 7 de Julho de 1923) foi o poeta mais popular da sua época e o mais típico representante da chamada "Escola Nova". Poeta panfletário, a sua poesia ajudou a criar o ambiente revolucionário que conduziu à implantação da República.
    Guerra Junqueiro iniciou a sua carreira literária de maneira promissora em Coimbra no jornal literário A folha, dirigido pelo poeta João Penha, do qual mais tarde foi redactor. Aqui cria relações de amizade com alguns dos melhores escritores e poetas do seu tempo, grupo geralmente conhecido por Geração de 70.     fonte

    «Na política todos os dentes são necessários menos o do siso. Os caninos, esses então são indispensáveis. »

    « Os políticos consideram-me um poeta; os poetas, um político; os católicos julgam-me um ímpio; os ateus, um crente »   fonte

    (ver, aqui , página de escritores portugueses)



    de Guerra Junqueiro,
    escrito em 1896:


    "Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
    fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
    aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
    sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
    pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
    um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
    um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
    e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que
    um lampejo misterioso da alma nacional,
    reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

    Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
    não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
    sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
    descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
    capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

    Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
    este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,
    tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

    A justiça ao arbítrio da Política,
    torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

    Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
    incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos,
    iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
    e não se malgando e fundindo, apesar disso,
    pela razão que alguém deu no parlamento,
    de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."





    2ª imagem: estátua na Casa-Museu Guerra Junqueiro, no Porto

    novo romance de Paul Auster: 'Invisível'


    Escritor, argumentista, tradutor, ensaísta, realizador, marinheiro, inventor de um curioso jogo de cartas e muito mais, Paul Auster é considerado um nome cimeiro da literatura dos nossos dias. Nascido em 1947 em Newark, frequentou a Universidade de Columbia e residiu durante quatro anos em França, antes de se radicar em Nova Iorque, onde vive com a mulher, Siri Hustvedt. Distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias de Literatura 2006, Paul Auster foi nomeado Comendador da Ordem das Artes e das Letras de França em 2007. Em 1993 a sua obra Leviathan recebeu o Prémio Médicis para o melhor romance estrangeiro. As Loucuras de Brooklyn recebeu em 2006 o Prémio Qué Leer dos Leitores para o melhor romance estrangeiro, distinção também dada a A Noite do Oráculo em 2004. A sua obra encontra-se traduzida em trinta línguas.   fonte


    sobre 'Invisível', o 15.º romance de Paul Auster:

    Nos romances de Paul Auster, as histórias são como caixas chinesas ou matrioscas russas que não apenas se encaixam sucessivamente como nascem umas das outras, multiplicando-se. Elas são mistérios, enigmas, desafios sempre inquietos, à procura de alguma solução em aberto. Diz quem o conhece que Auster frui e percepciona a vida com deleite e com uma pitada de distanciamento nas narinas, sempre a farejar o (im)previsível movimento das pessoas e das coisas. E que depois escreve. Os seus livros, artigos, críticas e até argumentos para o cinema são de uma (quase) absoluta precisão: cirúrgicos, inteligentes, pertinentes, quase oculares. As suas ficções constituem um misto de realismo e fantasia, teia de coincidências, ordem secreta do acaso e evocação biográfica respigada de memória (ingredientes para uma boa história), com fugidio aroma a Cortázar e a Beckett. Obra de referência da literatura pós-moderna, a sua Trilogia de Nova Iorque é, nesta medida, exemplar. Também este seu 15.º romance, um dos seus melhores, não escapa a este jogo de espelhos, ao caleidoscópio existencial e sensorial de Auster, em que o destino é uma espécie de partitura que cada um vai escrevendo e interpretando. Trata-se, pois, de uma narrativa de percurso intencionalmente serpenteante, com quatro partes entrecruzadas, que tem como ponto de partida Nova Iorque, na Primavera de 1967 – ano de crescente oposição à guerra do Vietname, de rescaldo do assassínio de Kennedy e do melhor rock psicadélico. Durante uma festa, Adam Walker, de 20 anos, um tímido aspirante a poeta, conhece o professor Rudolf Born, charmoso, manipulador, temível, e a sua enigmática e sedutora companheira, Margot, um casal francês pouco convencional. Deste encontro emerge um triângulo amoroso que viajará pelas fronteiras circulares, e quantas vezes crepusculares, do tempo, do sexo, da verdade e da identidade. E , claro, do sofrimento e da morte. Uma never ending story ao melhor estilo de Paul Auster, em que cada história tem sempre uma porta que se abre para outra história.

    Crítica de Vítor Quelhas a Invisível, de Paul Auster,
    publicada no suplemento Actual, do Expresso.


    mais sb Paul Auster:  aqui  e  aqui